“Quer ser
contaminado? Abrace alguém de jaleco!
Médicos,
enfermeiros e profissionais de saúde em geral estão proibidos de usar jaleco
fora de hospitais e ambientes de trabalho de saúde em São Paulo. A lei estadual
foi sancionada pelo governador Geraldo Alckmin nesta quinta-feira (9) e tem
como objetivo evitar riscos de contaminação por bactérias levadas de um local a
outro.
O médico, enfermeiro ou técnico que
desrespeitar a lei pode ser multado em R$ 174,50. Se fizer de novo, a multa
dobra de valor.
Apesar da proibição, muitos profissionais
continuavam usando as vestimentas fora dos hospitais neste fim de semana.
“Eu
acho certo, apesar de não estar cumprindo, porque você pode estar trazendo para
o hospital as impurezas, bactéria. Mesmo assim, eu estou com o jaleco. Eu moro
do lado e vim correndo”, disse a técnica em raio-x Rosana da Silva.
Lei
ineficaz
Outros profissionais questionam a medida. “Eu acho que é uma coisa que não tem sentido. Porque nós usamos sapatos, usamos outras coisas que não seja o jaleco branco. Não é o jaleco branco que vai fazer que haja contaminação hospitalar”, disse o médico Theofanis Konstadinidis.
Outros profissionais questionam a medida. “Eu acho que é uma coisa que não tem sentido. Porque nós usamos sapatos, usamos outras coisas que não seja o jaleco branco. Não é o jaleco branco que vai fazer que haja contaminação hospitalar”, disse o médico Theofanis Konstadinidis.
Para Maria Beatriz Souza Dias, infectologista e
coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Sírio
Libanês, a lei é ineficaz. "Se você for única e exclusivamente pelo
isolamento de bactérias, você vai ver que no estetoscópio, no celular você
também encontra esse tipo de agente, provavelmente se você cultivar as canetas
também vai encontrar esse tipo de agente, ou seja, tudo aquilo que a mão toca
pode veicular bactérias hospitalares e não hospitalares", afirmou.
No lugar da lei, Maria Beatriz disse preferir ver
uma grande campanha para conscientizar a população, inclusive os médicos, da
importância de lavar as mãos. "É parte da cultura e as pessoas sabem que
elas devem higienizar as mãos, mas elas higienizam de uma forma geral, menos do
que deveriam", comentou.
Exigência
já existe desde 2005:
O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) afirma que a lei apenas reforça uma exigência do Ministério da Saúde, que existe desde 2005. “É uma norma federal que já trata de vestimentas. Então, tudo aquilo que você utiliza dentro do hospital deve ficar dentro do hospital. Infelizmente, essa norma não é respeitada”, afirmou a conselheira do Coren-SP Maria Angélica Guglielmi.
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